REVISTA MOTO ADVENTURE


Pessoal!
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Essa postagem é especial. De todas, essa foi a única postagem que eu não esperava.
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Nossa viagem foi publicada na maior revista de viagens de moto do Brasil: a revista Moto Adventure, edição 145, dezembro 2012, justamente na sua edição de aniversário de 12 anos de existência.
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Isso nos enche de orgulho, claro. Nunca imaginamos que pudesse acontecer um dia e nunca tivemos essa pretensão. Nossa viagem despertou interesse no pessoal da revista que está acostumado com as mais desafiadoras aventuras por todos os cantos do planeta. Dá para acreditar nisso? Quando recebi o contato não acreditei, achei que fosse brincadeira de alguém. Perguntas do tipo "será? Como assim?" surgem todo o tempo. Mesmo sendo real, demorou para "cair a ficha".
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Neste mês de dezembro comemoramos 1 ano de "Extremo Sul". Ainda hoje, sozinho, às vezes me pego pensando nos precipícios do Paso Agua Negra, na mata intocada da Carretera Austral e nos ventos fortes da temida e isolada RA 40. Impossível esquecer a chegada - mais que esperada - da minha esposa para então completar esta viagem. Manu, sem sua coragem e apoio mesmo quando diziam que a moto me deixaria a pé no alto da cordilheira, nada disso seria possível. É verdade que a moto chegou fraquinha, não passava dos 80 km/h mas chegou. Faz muita diferença quando alguém acredita e confia na gente. Muito obrigado por acreditar e viver o meu sonho, Manu, embarcar nessa viagem de corpo e alma e, principalmente, por ser quem você é - todas as minhas razões numa única pessoa.
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Mas o momento mais incrível de toda a viagem foi a chegada em Campos-RJ. Minha família e amigos próximos me aguardavam com música, fogos e papel picado, todos vestidos com uma camisa escrita "Extremo Sul" que mandaram fazer em segredo. Aliás, toda a festa foi segredo. Nunca desconfiei desta surpresa assim como eles não desconfiam como isso me marcou. Pai, mãe(s), irmãos, sobrinhos, tios, cunhados, amigos etc MUITO OBRIGADO! Pai e Mãe, esse muito obrigado é por toda a luta e esforço para dar os seus três filhos um ambiente acolhedor de muito amor e respeito. Por fazerem de tudo, absolutamente tudo, por nós três.
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Agradecimento especial para o meu amigo e ídolo Edgard Cotait, um cara que já fez incontáveis viagens inacreditáveis pelo Brasil, América do Sul, Europa e Ásia. Sempre que possível foge da segurança do asfalto e qualquer trilha vira caminho. Um currículo invejável. Um sujeito humilde que fala de suas viagens e que te escuta com igual prazer. Um fora de série. Foi ele que "descobriu" nossa viagem e, graças ao Ed, a matéria foi publicada.
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Abaixo vai um trecho da matéria publicada.
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http://www.motoadventure.com.br/motoadventure/index.jsp?page=news&cd=aa36c88c27650af3b9868b723ae15dfc
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Um forte abraço a todos e aguardem pois 2013 tem mais.
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P.V.

Paso Agua Negra - Vídeo

Pessoal!
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Fiz uma seleção de alguns vídeos (a maioria on board) da travessia do Paso Agua Negra, em 2011. Muito frio, gelo e vento forte. Espero que curtam.
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Vou reproduzir abaixo extamente o que escrevi no blog no dia desta travessia:
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A travessia da Cordilheira dos Andes, com seus quase 5.000 m altitude, foi o grande momento da viagem até aqui. Não saberia usar as palavras adequadas para explicar o que significa fazer a travessia Argentina-Chile pelo rípio do Paso Agua Negra. Este caminho é bloqueado pela neve o ano inteiro e somente no verão, quando o gelo começa a derreter, é possível a passagem.
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Antes de subir, silêncio total. Medo e tensão no limite do imaginável. Nada poderia dar errado hoje, nenhuma quebra, nem um furo de pneu e muito menos um erro na condução da moto. Hoje não. A respiração muda, a boca fica seca e instintivamente a perna treme. Vergonha? Nenhuma. A altitude exige muito respeito e cobra um preço muito caro para quem a desmerece. Não se tem socorro fácil e rápido do rípio lá em cima.
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Os metros vão sendo vencidos e o frio começa a apertar. Um vento forte e gelado é o fiel companheiro. O piso é pior que imaginei: muitas pedras soltas, escorregadio. É como se você andasse na areia mas com diâmetro dos grãos maior. Uma sensação parecida com andar sobre bolas de gude, acredito. Os primeiros gelos vão aparecendo e o termômetro que instalei na moto marcava 5ºC. É preciso estar preparado para o frio e o forte vento. É verdade que alguns lugares são mais protegidos e então tirar foto é fácil. Em outros, desprotegidos do vento, os dedos travam e bater uma foto vira tarefa complicada.
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Cenários improváveis e indescritíveis surgem a cada curva. Como a natureza é impressionante!
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Eu já havia cruzado a Cordilheira dos Andes em duas outras oportunidades: pelo Paso de Jama, para quem vai da Argentina ao Deserto do Atacama, e o Paso Cristo Redentor, que liga a Argentina à capital chilena. Todos são belos diga-se de passagem. Em Jama temos trânsito de caminhões durante todo o tempo. No Cristo chega a ser monótono tamanho movimento de carros e caminhões. No Paso Agua Negra, além de ser mais alto, é deserto, no rípio e o socorro não é fácil. É por isso que muitas pessoas vem aqui em busca de adrenalina e testar seus próprios limites.
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Consegui. Passei pelo rípio do Agua Negra sem quebras, quedas ou algum mal de altitude. É um duro teste psicológico e uma grande conquista pessoal. Vários gritos foram abafados dentro de meu capacete, pura euforia. Alguns gritos são impronunciáveis.
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Deixo aqui registrado meu respeito a quem já fez essa travessia. Não importa com que meio de transporte e em grupo. O importante mesmo é ir, ver e sentir tudo que eu tive a oportunidade de viver hoje. Que grande dia eu tive!
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Um forte abraço e obrigado pela companhia.
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Paulo Victor Sciammarella

Vídeo desta viagem

Pessoal,
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Esta viagem foi um sonho colocado no papel há alguns anos e que virou realidade no fim de 2011 e início de 2012. Chegar de moto em Ushuaia, ao contrário do que possa parecer, nem foi o mais importante e marcante. Cruzar a Cordilheira dos Andes pelo rípio do Paso Agua Negra, um lugar realmente desafiador, é indescritível. Depois percorrer a Carretera Austral, uma estrada de chão cravada na Cordilheira dos Andes, no meio da mata, na patagônia chilena, uma das regiões menos exploradas pelo homem, foi especial. O encontro com Manuela, minha esposa, em El Calafate não poderia ser melhor. Seguimos juntos, de moto (claro!!), rumo à Ushuaia e depois subimos até Puerto Madryn. Uma segunda lua de mel, com certeza.
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Agradeço a todos que apoiaram e incentivaram para que esse sonho saísse do papel. E também todos os comentários pelo blog, email e mensagens diárias pelo celular.

O vídeo original da viagem Extremo Sul foi bloqueado pelo youtube graças aos direitos autorais da música que escolhemos. Tentei argumentar que nosso vídeo não tinha fins lucrativos e que a música tinha 31 anos (foi lançada em 1981) mas não teve jeito.
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Então vamos tentar novamente mas agora em duas versões.
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Extremo Sul - Parte 1

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Extremo Sul - parte 2
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Espero que gostem e que o pessoal do youtube o mantenha ativo.
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Abraços

Caratinga-MG, Brasil, 24 de janeiro de 2012




Números e mais números

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Pessoal, usarei este espaço para divulgar os números finais desta expedição Extremo Sul. Saí de Caratinga-MG no dia 15 dezembro 2011 e retornei apenas em 24 janeiro 201, totalizando 41 dias fora de casa.

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km total. Além da moto, alugamos um carro para percorrer toda a região da Península Valdes-Argentina e 5 travessias de barco foram necessárias e esta km também foi incorporada.

16.219 km de moto (média 19,2km/l)

726 km de carro (média 11,6km/l)

247 km de barco

Somando os três, teremos precisamente 17.192km

Manu andou 3.814km sendo 3.088km moto mais 726km de carro.

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Gasolina.

Moto 848,9 litros

Carro 62,6 litros

Total 911,5 litros de gasolina

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Rípio.
Paulo Victor: 1.288km moto + 198km carro = 1.486km

Manuela: 280km moto + 198km carro = 478km

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Barco

Puerto Montt a Chaitén: 150km

Lago General Carrera: 37km

Estreito de Magalhães: 2x5km = 10km

Buenos Aires a Colonia (Buquebus): 50km

Total: 247km

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Em poucos dias colocarei aqui no blog um vídeo resumo desta expedição. Aguardem.

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Obrigado por fazer parte desta viagem!

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Abs



Campos-RJ, Brasil-il-il-il-il-il, 21 de janeiro 2012

A melhor parte da viagem I


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A melhor parte da viagem II
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Faixa
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Faixa
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Dormi na sala antes do final da festa sob os olhares de minha linda sobrinha


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Dormir não foi fácil. A ansiedade de chegar logo em Campos-RJ e encontrar os familiares e amigos era muito grande. Fritei na cama. Rolei de um lado para o outro e dormi de 3:30hrs até 04:15hrs. Não mais que isso. Por vezes cheguei a cogitar pegar logo a estrada mesmo sem dormir. Queria chegar logo.


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04:15hrs foi meu limite. Levantei e fui pagar a "diária" de poucas horas - absurdos R$ 230. Coloquei a roupa ainda molhada e fui para a moto. Precisava ainda apertar e lubrificar a corrente e isso foi feito com a lanterna na boca pois a iluminação do hotel estava bem abaixo do normal - funcionava na base do gerador devido ao acidente de ontem com o caminhão e o transformador.
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Voltei para a BR116 as 05:30hrs. A moto continuava com o rendimento bem abaixo do normal, já relatado anteriormente. Cheguei em Campos às 18:40hrs - 11 hrs de estrada parando apenas para reabastecimento e pedágios. Não bebi água, não fui ao banheiro, nada. A ansiedade não permite.
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A chegada foi inesquecível. Esposa, família e amigos me aguardavam com uma festinha surpresa. Fogos, papel picado, música tema da vitória do Ayrton Senna e aquelas terríveis bolas de aniversário faziam parte da algazarra. Muitos abraços, beijos, lágrimas e tapinhas nas costas que nunca esquecerei. Que recepção! Não cometerei o erro de tentar descrever tudo que senti neste instante. Obrigado a todos por este momento tão especial.


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A jornada deste dia foi de 1127km. O total só de moto até Campos é de 15.833km. Ainda preciso fazer a contabilidade geral do projeto Extremo Sul, incluindo km de carro e km de barco, além da viagem para Caratinga-MG onde resido atualmente e de onde saí, em 15 de dezembro de 2011.
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Hoje, segunda 23 janeiro, minha moto foi consertada em Campos-RJ mesmo. Havia muita sujeira na bomba de combustível - e isso limitava a moto em 6000 giros - e um grande amigo, parceiro do motoclube e ídolo realizou o conserto. Sérgio Cortes, experiente motociclista do Motoclube de Campos, rapidamente deixou minha moto um foguete de novo. Um cara extremamente bacana, humilde, admirado por todos e grande conhecedor de tudo que diz respeito a motos, Sérgio é um raro viajante de duas rodas que já rodou por quase todos os países das três américas. Apenas para se ter uma idéia, seu último feito foi vir de moto dos EUA até Campos-RJ há pouco mais de 4 meses. Realmente um cara fora de série. Sérgio, um forte abraço para você e obrigado por todas as "dicas" e conselhos.






Em dois dias coloco os números finais desta expedição.


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Obrigado por fazer parte desta viagem!






Campina Grande do Sul-PR, Brasil-il-il-il, 20 de janeiro 2011

Pessoal!
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O plano era passar de Curitiba hoje de qualquer jeito. Deu certo. Passei por mais ou menos 60km e a do dia 744km. Nada mal com uma CG Titan 600 com 1/2 jegue de potência. Uma chuva fortíssima nos últimos 100km e fui obrigado a parar quando anoiteceu. Recusei dois hotéis anteriores não por ficar em posto de gasolina e sim por não ter garagem. A garagem é extremamente importante pois todas as coisas ficam na moto mesmo. Desço com o mínimo possível - atualmente só com a mala de tanque. E as coisas pioram quando chove pq meu GPS não é de moto e não resiste a água.
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Depois que vc tem um GPS você não sabe quanto tempo conseguiu viver sem um. Na procura de hotéis, bancos, postos de gasolina, aeroportos etc é um tremendo auxílio. E foi justamente esse auxílio que não tive hoje nesta forte chuva. Para piorar, um caminhão derrapou e acertou um transformador 50km depois de Curitiba, pertinho daqui - breu total! Já era noite, todo molhado e com frio vi uma placa para o Mabu Capivari Resort. Peguei uma estradinha de chão- cheia de lama!! - e cheguei no Resort praticamente todo apagado devido a queda de energia.
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Entrei na recepção sob olhares desconfiados: sujo de lama, molhado e com medo do valor da diária, perguntei de cara qual preço do quarto mais barato. Imagina a cena! Claro, uma facada. Pelo menos a recepcionista falou com jeito e devagar (acho que para não me assustar) R$ 230 com jantar e café da manhã. Havia gente demais na recepção - acho que o rico tem medo de escuro pois parece que todos os hóspedes estavam na recepção. Deviam estar pensando " o que esse sujeitinho está fazendo aqui?". Pois é. Até eu me perguntei isso. O que o desespero não faz.
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Topei. Para não me sentir tão mal com esse valor da diária, corri ainda molhado para o restaurante pois um farto jantar me esperava. O responsável na entrada do restaurante me barrou na porta, pois nem desconfiou que eu era hóspede......rsrsrsr. Nem podia. Que comida boa! Comi feito um animal. Me servi 2 vezes. Sobremesa. Voltei para um último pedaço de carne com um molho que não faço a mínima idéia do que seja e arroz com palmito mesmo depois da sobremesa!! Pronto, agora continuo com uma dívida de R$ 230 e quase golfando.
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Amanhã tenho pouco mais de 1.000km para Campos-RJ. Me esperem pois estou chegando. E de preferência com um sonrisal na mão.
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Tá bravo mas tá bão.
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Obrigado por fazer parte desta viagem!
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Abs

Novo Hamburgo-RS, Brasil-il-il-il-il, 19 de janeiro 2012

Punta del Este, Uruguai

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Brinquedinhos em Punta del Este: audi r8 e porsche cayenne no posto de gasolina
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Fronteira Brasil-Uruguai
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Brasil-il-il-il-il
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Ficar em Punta del Este é impossível: o orçamento explode, não tem jeito. Tudo muito bonito mas extremamente caro. Acho que nem um Salão do Automóvel tem mais carro bacana que lá. Não encontro parâmetro para Punta del Este, pelo menos nunca vi parecido. Tratei de cair fora cedinho - antes que minha moto encostasse num BMW, Audi, Porsche ou Ferrari - até pq estou perto de casa e lugare$ a$$im não fazem bem a $aúde.

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A ansiedade para voltar é muito grande. Você come rápido, dorme rápido e arruma a moto rápido, tudo para estar na estrada o quanto antes. E essa é a melhor parte da viagem: voltar para casa! Em nenhum momento fiquei mais feliz. Voltar para as pessoas queridas e seu próprio canto não tem preço.

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Fiz 804 km entre Punta del Este e Novo Hamburgo, pouco depois de Porto Alegre. Assim que entrei no Brasil, comprei um aditivo Bardahl para o combustível na esperança que melhorasse o rendimento da moto. Para quem não lembra, tenho atualmente um limite em 7000 giros impossível de ser ultrapassado. Acredito que seja combustível vagabundo na Argentina o causador do problema. Coloquei a dose recomendada do aditivo e, a situação era tão feia(suja), que acabou piorando tudo. Mais sujeira deve ter entrado nos bicos injetores e meu limite caiu para 6000giros. Nas subidas a moto chegou a vel.max 95km/h. Triste!

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Quando encontro uma fila de caminhões o drama aumenta. Não tenho torque para ultrapassá-los. É preciso negociar um a um. E quando surge uma oportunidade de ultrapassagem para mim, também é oportunidade para o caminhoneiro passar o da frente. E as vezes "largamos" juntos.

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Sábado, dia 21, chego em Campos-RJ. Mesmo que seja me arrastando mas eu chego. Lento e feliz na minha CG 600, com 1/2 jegue de potência. Vamo que vamo.

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Obrigado por fazer parte desta viagem.
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Abs























































Punta del Este, Uruguai, 18 de janeiro 2012

Filas para abastecer - Argentina






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Girassóis
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Chegando em B.Aires e louco para sair da Argentina devido ao problema com os combustíveis
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Madrugada no Uruguai
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Los Dedos, Punta del Este, Uruguai






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Viajo sozinho novamente. Manu seguiu de avião para o Brasil no domingo partindo de Trelew, cidade próxima a Puerto Madryn-Argentina. Posso, seguramente, dizer que a viagem a dois é muito mais fácil. Com garupa sua responsabilidade como piloto aumenta mas isso não é maior que ter o prazer de conversar, brincar e namorar a mulher amada. Dividir uma alegria torna-a maior do que realmente é.






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Já que não tenho mais companhia, é hora de reorganizar a bagagem. Os alforges laterais foram colocados sobre o banco por duas razões: a primeira é a arrasto/consumo, significativamente maiores nesses fortes ventos do sul e a segunda razão deve-se a um pequeno problema estrutural. Explico.
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A solda entre o suporte do alforge e o quadro da moto rompeu-se pelo excesso de peso. Não foi nesta viagem, já havia detectado este problema pouco antes da expedição Extremo Sul começar. Então usarei este espaço livre sobre o banco para evitar um problema futuro. Pura cautela. Gosto do visual da moto com o alforge lateral mas sacrificarei este visual em troca de conforto e segurança.






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Um grande problema está acontecendo na Argentina agora: o abastecimento de gasolina. Como foi difícil abastecer entre Puerto Madryn e Azul, um trecho de aproximadamente 1150km! Pelo que entendi, esse é um problema sazonal na Argentina, agravado no período de férias onde muitas pessoas viajam. Nos postos onde ainda havia o combustível era preciso paciência para encarar as longas filas. Encher meu galão extra de 5 litros nem pensar. Proibido. Nenhum frentista aceitou. Gasolina só no tanque. Consegui encher o galão apenas em Adolfo Gonzales Chaves, cidade camuflada fora do movimento, distante 2km da RA 3, rodovia que leva a Buenos Aires. Em Adolfo Chaves era abastecer ou nada: eu não tinha combustível para mais 50km. dei sorte. Não saber se há gasolina no posto abala o psicológico, não tem jeito. Você pode ficar a pé a qualquer momento e sua confiança vai embora.
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Cheguei em Buenos Aires às 20hrs e sabia que o Buquebus, tradicional barco que faz a travessia para Colonia, Uruguai, partia às 23:15hrs. Era embarcar hoje ou no outro dia pela manhã. Correria danada para trocar dinheiro, trâmites aduaneiros e embarque da moto. Na base do sufoco mas deu tudo certo.






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Desci em Colonia, Uruguai, às 03:40hrs da madrugada. Tinha que decidir entre ir para um hotel em Colonia ou seguir viagem para Punta del Este, a 320km. Pensei no calor do último dia e o trânsito pesado de Buenos Aires. E eu certamente teria calor e mais uma capital federal pela frente - Montevideo está a 180km de Colonia. Após 2 segundos de hesitação, lá estava eu na estrada, claro. Tomei a decisão certa. Cheguei em Punta del Este com o amanhecer do dia. E que longo dia!
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Obrigado por fazer parte desta viagem!


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Abs




Puerto Madryn, Argentina, 14 de Janeiro 2012

Leões Marinhos em Punta Norte - Península Valdes - Argentina



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As orcas vem até a areia para pegar um "petisco" desse.
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Eles ocupam toda praia
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Puerto Piramide - Península Valdes. Até que agrada mas prefiro Atafona, o verdadeiro paraíso tropical.
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Lá na praia a disputa pelas fêmeas é grande, sai até morte. Melhor observar de longe mesmo.
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Opinião Manu:



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Esses três últimos dias foram espetaculares, incríveis mesmo. Resolvemos ficar uns dias em Puerto Madryn, e daqui alugamos um carro para rodarmos pela região - Punta Tombo e Península Valdes. Pq o carro? Bom, pega-se bastante rípio para chegar até esses lugares - e, de rípio, já estamos fartos! Pelo menos, de moto não dá mais...



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Foi uma experiência única poder visitar esses lugares. Marcou muito, ficamos emocionados. O ruim disso tudo é que, ficando aqui esses dias, tive que sacrificar parte da minha viagem de moto, onde iria até Buenos Aires, de onde pego um vôo na segunda, dia 16. Não fico triste pelo fato de não conhecer a cidade (na verdade, ela só estava na rota por causa do vôo e do Buquebus de Victor; gostamos mais do charme dos pequenos lugares...), mas sim pelo fato de minha jornada de moto ter terminado. Cogitamos a possibilidade de eu seguir com Victor até o final, mas infelizmente resolvi adiar essa "ousadia " para a nossa próxima viagem. Vou sentir falta, com certeza. Estou com o coração partido, estava realmente curtindo cada pedacinho dessa aventura; mas também por ter que deixar Victor mais uma vez. Ai, essa é a pior parte.



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Amanhã, domingo, sigo então para Trelew, cidadezinha próxima à Puerto Madryn. De lá, pego um vôo para Buenos Aires. O resto é história...



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Opinião PV
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Pois é. Alugamos um carro. Foi a melhor alternativa para conhecer estes lugares. Continuamos com nossa liberdade de horários como sempre, temos mais autonomia de km e andamos com mais rapidez no rípio. Antes de entregar a chave, a moça disse: "é preciso ir devagar no rípio pois escorrega e pode ocorrer algum acidente". Peraí. se fosse para ir devagar, iria de moto.



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O nosso valente Ford KA era posicionado para foto em cada placa na base do cavalo de pau. E cavalo de pau no rípio é uma terapia! Manu precisou tomar um Dramin e ameaçou pedir o divórcio.....kkkkkkkk. Segurei meu ímpeto e preferi continuar com minha mulher.
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Caminhar ao lado dos pinguins é uma experiência única. Nunca me senti tão perto da natureza. Sentávamos ao lado deles e ouvíamos sua respiração enquanto pegavam sol. Incrível. As fêmeas saem para caçar e os machos ficam tomando conta dos ninhos e os filhotes. Os machos emitem um forte som que serve para auxiliar as fêmeas a "acertar" o caminho de casa. Veja, são pinguins e ninhos a perder de vista, então você pode imaginar o cenário. Não vou fazer comparações mas só este passeio já valeu a viagem.



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Em seguida fomos a Península Valdes: Puerto Piramide e Punta Norte, onde conhecemos uma grande colônia de Leões Marinhos, foram os grandes atrativos do dia. Só hoje foram 150km de rípio. Os leões marinhos são incríveis e os machos se estranham o tempo todo - defesa de território! Foi uma experiência que nos marcou muito também. Assim que terminar esta viagem, vou fazer um pequeno vídeo de resumo será melhor para entender que estas fotos. Podem me cobrar.



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Obrigado por fazer parte desta viagem!



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Abs







Punta Tombo, Argentina, 13 de janeiro de 2012

Punta Tombo - a maior colônia continental de pinguins do mundo
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É muito curioso poder observá-los de perto
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O Pinguim de Magalhães, espécie presente nessa colônia, chega até 45cm de altura
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Há um respeito muito grande do homem com a natureza aí, bacana de se ver
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Dois curiosos
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Puerto Madryn, Argentina, 12 de Janeiro 2012

O Atlântico.Pena que uma forte poeira estragou a foto.
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Incrível
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Namoro na estrada I
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Namoro na estrada II
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Repara a areia no chão. E ainda tirei muito mais que estava acumulada no compartimento.

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Opinião Manu:



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É incrível observar a mudança brusca na paisagem que hoje aconteceu ao longo da nossa viagem. Além da paisagem, também mudou muito o clima. Agora começa a ficar quente, muito quente. Tudo mudou drasticamente em um intervalo relativamente curto.



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A Patagônia Argentina se revelou para mim uma terra onde há uma conjunção perfeita de lagos, rios, montanhas, vales e estepes. Uma sucessão de imponentes paisagens, onde o contato com a natureza é extremo. É um destino inesgotável, onde a natureza manifesta sua grandeza em todo seu explendor. Agrada a todos, com certeza. Desde o que estão em busca de aventura quanto os de alma mais contemplativa...



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Como diria Friedman, nosso amigo alemão que fizemos nesta viagem, " a natureza aqui é tóxica".



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Opinião PV

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Nosso pneu traseiro está perfeito: já rodamos quase 1.500km desde o reparo na estrada e não há nenhum vazamento. Agradeço novamente ao Gutti, mecânico de confiança em Caratinga-MG, pelo material e pela aula.

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Atravessamos o Estreito de Magalhães e desta vez o mar estava bravo. Enquanto eu estava na fila numa sala para pagar a travessia, Manuela lutava para manter a moto de pé. A grande balsa sacudia demais. Tensão total. De volta ao continente, estamos subindo direto pela RA 3, rota preferida dos que se aventuram para o sul, pois o caminho é todo asfalto até Ushuaia. Bem, só o trecho entre Cerro Sombrero e San Sebastian (120km, onde nosso pneu furou) é de rípio e não tem por onde fugir, tem que ir pela terra mesmo.

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Na RA 3 o vento continua forte e gelado. A moto anda de lado, é impressionante. Sempre encontramos motociclistas descendo para sul por esta rodovia, muitos brasileiros. Quanto ao cenário, é muito pobre, chamado de estepe. Não há pontos de referência. Nada. Fica até monótono. Lembrei de uma conversa há pouco mais de um ano com Sanderval, experiente motociclista do Moto Clube de Campos e que conhece tudo sobre os caminhos austrais de Argentina e Chile, que me alertava o seguinte: "as belezas da Argentina estão nas extremidades". Sábio Sanderval. Confirmamos com nossos próximos olhos. O caminho por este asfalto só não é mais chato pq é preciso ter atenção a todo momento com os guanacos que atravessam a rodovia. Vimos muitos animais atropelados, infelizmente. Eles se confundem com a paisagem e nem sempre é fácil notá-los a tempo de reduzir. O guanaco é um bicho tão medroso que sempre que a moto/carro/caminhão se aproxima, ele corre numa direção qualquer. E é aí que você precisa estar esperto para não estragar o passeio.

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A partir de Caleta Olivia, onde encontramos o Oceano Atlântico, a temperatura começou a subir. De agradável a quente num piscar de olhos. Não é o melhor clima para viajar de moto, definitivamente. Já começo a sentir saudades do clima das maiores latidudes. Pelo menos uma coisa melhorou: o cenário. Com o oceano ao lado da RA 3, o incômodo da temperatura é até amenizado.

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De Ushuaia a Puerto Madryn foram 1.893km. Nestes últimos 300km percebi um pequeno problema na moto: ela não passa dos 7.000 rpm. Consigo manter os 120km/h e máxima de 130km/h mas as ultrapassagens precisam de atenção redobrada. Gosto desta moto principalmente pelo torque que ela tem - e isso é fundamental para tranquiladade nas ultrapassagens - e precisamos resolver esse problema. Retirei o filtro de ar e havia muita sujeira nele, apesar de eu ter saído de MG com um zero quilômetro. A moto ficou pouco mais "esperta" mas continua com essa barreira. Amanhã levarei o filtro num borracheiro (para usar o compressor de ar) e tomara que fique boa de novo. Outra possibilidade é problema na bomba de combustível e e$$e é um grande problema.

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Obrigado por fazer parte desta viagem!













Cmte Luis Piedra Buena, Argentina, 10 janeiro de 2012




Extremo Sul mesmo


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Grandes cenários ficaram para trás...


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... e agora fazem parte da lembrança.


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Colocando a capa para mais uma chuva


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Sprays e kit borracheiro
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Opinião Manu:








O tão temido dia chegou: é hora de irmos embora de Ushuaia. Acordamos com uma dorzinha no peito, com um gostinho de quero mais. Ainda demos uma volta no centro da cidade, tentando adiar ao máximo nossa partida.



Vamos com uma certeza: a de que voltaremos um dia. Já estamos cheios de planos... quem sabe, descer até a Antártida? Mas isso deixa pra depois....
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O dia corria muito bem. Começou uma chuvinha chata, mas nada de mais. Estávamos 'lavando a alma'!!!! Até a hora do tal do rípio. Ele mesmo. De novo, o protagonista da história. Só que, dessa vez, minha relação com ele mudou. Se antes não tinha achado nada pavoroso, hoje o enxergo com um par de chifres vermelhos, fogo na boca e rabo muiiito comprido. Passamos um perrengue danado. Mas deixa pra Victor contar essa parte. Só sei que, apesar de tudo, tive muita calma e a certeza de que tudo terminaria bem. Afinal, o otimismo e o bom humor fazer tudo ficar mais leve. Só uma coisa: tenho que tirar o chapéu para meu marido. Ele foi um artista, equilibrista - mágico mesmo. Merece meu aplauso. De pé.


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Hoje foi tudo muito tranquilo. Acordamos exaustos, mas já loucos para ir para a estrada de novo. Temos ainda muita coisa para ver, e o tempo não pára!
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Fiquei absorta em meus pensamentos mais uma vez. A grandiosidade da vida fica muito evidente quando estamos viajando de moto. A sensação é única, acreditem. Muita gente (a maioria, tenho certeza) não entende isso, como pode querer e gostar de viajar assim, sem conforto, sujeito às vontades do tempo? Confesso que era uma dessas, que achava um 'loucura'. Mas loucura mesmo - hoje eu sei - é não se dispor a fazer isso, a pelo menos tentar.
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Sim, é muito mais confortável viajar sentada numa poltrona. Mas o tanto que se perde! Meu Deus, como se perde!!!! Se perde o contato com o povo - o povo mesmo, que faz uma questão danada de te ajudar, de vir falar com você; se perde a oportunidade de ver a cultura verdadeira de uma gente, suas cidades, costumes; se perde o contato com a paisagem, o vento no rosto, a chuva gelada. Se perde a sensação de liberdade. Se perde a vida!!! De moto, estamos ali, de frente com nós mesmos, durante todo o tempo que durar a viagem. Aí... aí a gente se perde em pensamentos. Se perde na vida....
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Sim, mãe: a gente faz o nosso 'deserto'....





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Opinião PV


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Realmente foi difícil sair de Ushuaia. A cidade agrada pelo clima, atrações naturais e comida. Ah, a comida... Fiquei entre o cordero fueguino e a centolla - um caranguejão sensacional- todos os dias. Encontramos muitos brasileiros e conversamos bastante. Algumas lojas aceitam nossa moeda, o real, isto mostra o quanto o Brasil é importante ali.


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Moto preparada, bagagens amarradas e partimos para a estrada. Agora nosso rumo aponta para o norte e qualquer distância percorrida nos aproxima de casa. Com apenas 20km percorridos, fomos obrigados a fazer a primeira parada: chuva! O tempo mudou rápido, uma grande chuva se aproximava rapidamente e a temperatura caiu para 9ºC. Nossas capas de chuva foram colocadas e voltamos ao batente pois tínhamos, além dos 310km de asfalto, duas aduanas (saída da Argentina e entrada no Chile) e 12okm de rípio pela frente.


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A viagem pelo asfalto traz uma grande tranquilidade independente das condições do tempo. Me refiro principalmente em relação a uma quebra ou problema na moto, pois há gente passando ali a todo momento e você pode conseguir ajuda com mais facilidade. Na Carretera Austral e na RA 40, onde passei no início da viagem, é você sozinho por muitos km e no rípio. O nosso rípio de hoje, que liga San Sebastian a Cerro Sombrero, era movimentado pois era rota obrigatória para quem vai à Ushuaia pela RA 3, toda asfaltada e principal caminho para esta cidade.


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Ainda não tinha andado no rípio na chuva. No começo foi bem tranquilo mas a situação piorou quando o chão começou a empoçar. Escorregávamos bastante e a roda traseira patinava num mímino descuido com o acelerador. Retirei as luvas para ter mais sensibilidade e nosso progresso era feito em zigue-zague onde a única obrigação era manter-se de pé. Paramos um pouco e notei o pneu traseiro baixo. Puxa vida, logo hoje? Não poderia ter acontecido comigo sozinho lá na RA 40? Depois de uma pequena avaliação, percebi que o furo não devia ser grande. Usei um spray que infla o pneu e cobre pequenos furos.


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Continuamos nosso progresso por menos de 10km e notei a moto diferente de novo. Paramos e agora sim tínhamos um grande furo no pneu traseiro! Escutávamos aquele som pavoroso do pneu esvaziando rapidamente e bem alto. Manuela perguntou quanto faltava para chegar à cidade mais próxima. Verifiquei a km e respondi cuidadosamente: 70km. Ainda faltava muito. O último frasco do spray - levava dois na bagagem e já tinha usado o primeiro 10km atrás - não daria conta daquele furo. Usei quase toda água que tínhamos para lavar o pneu e ter uma idéia geral de quantos furos tínhamos. Eram 2 furos: o grande "barulhento" e um bem pequeno. Peguei o kit borracheiro e usei aquele macarrãozinho no "grande" e esperei que o spray desse conta do pequeno furo.


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Aqui preciso fazer uma primeira observação: esse spray é novidade para mim. Sempre andei com um mas nunca houve necessidade de uso. Eu sinceramente esperava que o produto inflasse mais o pneu. Após o uso, o pneu continua muito baixo e isso causa um desconforto e insegurança muito grande. Continuarei viajando com o spray mas o ideal é ter aquele pequeno compressor de ar que, ligado a bateria, infla o pneu o quanto vc desejar. Certamente fará parte da próxima viagem.


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E assim contiuamos o nosso lento progresso com várias paradas para avaliação do pneu. Estava tudo ok com o furo mas aquela situação ainda me incomodava. Quero deixar claro que o problema do furo estava resolvido, eu queria apenas por mais pressão no pneu traseiro. Parava a moto para cada carro que surgia e perguntava se não havia um compressor para me ajudar. Ninguém. Muitos nem paravam. Um caminhoneiro chileno parou e resolveu nosso problema. Bem na hora!


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Terminamos de percorrer os 70km até Cerro Sombrero às 23:20hrs com muito frio e debaixo de chuva, claro. O tempo hoje foi implacável com a gente.


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Preciso fazer um agradecimento e uma observação antes de terminar. O agradecimento especial é para Gutti, mecânico de confiança em Caratinga-MG e gente finíssima, que FEZ QUESTÃO de me emprestar seu kit borracheiro, além de explicar corretamente o seu uso. Deu tão certo que fui a gomeria - borracharia aqui - e apenas calibrei pneu em Cerro Sombrero. Já rodamos mais 360km e o pneu está zerado!


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A observação que tenho a fazer é em relação ao comportamento de Manuela, minha esposa e valente garupa. Todos sabemos que uma situação de pneu de moto furado é complicado, pois não há pneu reserva. Tínhamos chuva, vento, lama, muito frio e o isolamento que o rípio dá, para agravar a situação. Nem todas as pessoas mantém a calma e serenidade nestas condições. Manuela sim. Que guerreira! Enfrentar o que enfrentou e, principalmente, da forma que enfrentou, não é para qualquer um. Isso não foi, de forma alguma, uma supresa para mim. Escrevo isso apenas para deixar registrado minha admiração por sua coragem e companheirismo mesmo quando tudo parecia que não daria certo. Estamos juntos até o fim.


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Obrigado por fazer parte de nossa viagem e até a próxima!


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Abs

Ushuaia, Argentina, 8 e 9 de Janeiro de 2012

Manu e o Glaciar (Geleira) Martial.


Existe uma trilha que vai até o topo. "E aí, vai ou fica?"


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Respondemos juntos: "Vamos!"
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Glaciar Martial, Ushuaia, Argentina
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Passeio no Trem do Fim do Mundo, conhecido como "Trem dos Presos". Para o presídio de Ushuaia eram enviados os caras mais perigosos. A fuga era impossível. Caso o preso conseguisse fugir, o clima acabava com ele: florestas, muito frio e isolamento. Um preso chamado Pipo conseguiu fugir e em poucos dias seu corpo foi encontrado congelado num pequeno riacho, hoje chamado de Rio Pipo. Os condenados eram obrigados a trabalhar/produzir de segunda a sábado e em condições severas. Há muitas histórias de abuso e maus tratos. Este trem é uma réplica mas o original servia para levar os presos à floresta para buscar lenha para a população de Ushuaia.
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Tradicional placa na Bahia Lapataia.
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Obrigado por fazer parte desta viagem!
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Abs








Ushuaia, Argentina, 07 janeiro 2012

Leões marinhos
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Pinguins
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Farol do Fim do Mundo
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Paisagens
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Tradicional placa no porto de Ushuaia


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Opinião Manu:


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Antes de tudo, queria agradecer a força que vcs tem dado pra gente. Isso faz parte da viagem, acreditem!


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Ontem fomos fazer um passeio pelo Canal de Beagle, onde se confundem as águas do Oceano Pacífico e do Atlântico. Aqui também se marca a fronteira entre Argentina e Chile. Foi por onde Darwin chegou em Ushuaia, em 1832.


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A excursão durou aproximadamente 4 horas, e foi feita a bordo de um Catamarã. Nos aproximamos de diversas ilhas: a do Farol Les Eclaireurs (o mais austral do mundo); da Ilha dos Lobos, onde vivem os lobos do mar - ou leões marinhos. Eles são enormes, e super desajeitados! Passaria o dia todo os observando. O mais bacana é que eles continuam ali, paradões, alheios à nossa presença... São uns "bon vivant'!!!! Passamos então pela Ilha dos Pássaros, e depois pela Pinguinera. E, claro, ficamos fascinados pelos pinguins! Me senti num desenho animado, com aquela pinguaiada pra todo lado!!! Fiquei impressionada com a agilidade deles na água, bem diferente dos passos bêbados que dão em terra firme. Foi muito curioso poder observá-los tão de pertinho. Quis pegar um pra mim, mas Victor não deixou.... Finalmente passamos pela Estância Harberton, onde viveu o primeiro homem branco da Terra do Fogo.


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O mais precioso de tudo é a paisagem. São ilhas com a vegetação muito verde, e com seus cumes ainda cobertos de neve. É inevitável pensar em tantos navegadores que já passaram por ali, indo rumo ao desconhecido....


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Opinião PV


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Não posso começar antes de agradecer profundamente todas as mensagens que temos recebido pelo blog, orkut e email. As mensagens realmente mexem com a gente. Familiares, amigos e desconhecidos: muito obrigado. Uma mensagem de carinho e incentivo quando estamos tanto tempo longe de casa tem uma força impressionante. Agora estamos sem problemas pois só passeamos pela cidade mas quando tive problemas com a moto e em lugares inóspitos, estas mensagens foram um tremendo porto seguro. Não sei como seria ou como enfrentaria o que enfrentei sem esse apoio. Vocês fazem diferença. E muita. Sintam-se fraternalmente abraçados. E, claro, um forte abraço para aqueles que não nos escrevem mas temos a certeza que nos acompanham e torcem por nós.
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Manu falou muito bem sobre o passeio pelo Canal de Beagle. Natureza pura em todas as direções. Não tem como não se impressionar e imaginar a vida dos que navegaram ali há muitos anos. As condições continuam violentas - sim, o vento aqui não dá trégua - mas navegar a motor é muito mais simples que erguer e manipular as velas do passado. Grandes homens do mar! São várias pequenas ilhas ao longo do Canal para desviar. Ilhas habitadas, vejam só. Passamos pela ilha dos pássaros, ilha dos leões-marinhos e dos pinguins. Claro que não existe a exclusividade e o sentimento de propriedade, que estamos tão acostumados em nosso dia a dia, no mundo animal. Os animais nos ensinam em silêncio e convivem em perfeita harmonia lado a lado, respeitando suas diferenças e costumes. Coisa que para nós, humanos, seres inteligentes, muitas vezes é impensável. Como é sábia a natureza!


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Obrigado por nos acompanhar!


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Abs










Ushuaia, Argentina, 05 de janeiro de 2012

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Guanacos companheiros da estrada
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Entrada da cidade mais austral do mundo!
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Fim ou início de tudo?
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Visita obrigatória.

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Opinião Manuela:


Acordamos na expectativa de chegar em Ushuaia. Saímos cedo de Cerro Sombrero, Chile. Estava frio e soprava uma 'brisa' até que bem agradável ... mas, de repente.... uma ventania louca começou a soprar, parecendo que ia levar cabeça e capacete juntos! Mas tá bom, pouco depois a gente se acostuma de novo. E começa até a gostar, é verdade.

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A viagem foi, mais uma vez, muito agradável. Nem vi o tão temido rípio. Fiquei "viajando na viagem", curtindo cada momento. Adorei ver os Guanacos (ou sei lá o que era aquilo), às vezes nos acompanhando pela beira da estrada.

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Os últimos quilômetros antes de chegar em Ushuaia foram os mais especiais. A paisagem mudou muito, e um vento mais frio começou a nos castigar. Fomos serpenteando por entre as montanhas com picos nevados e mata abundante. Cadeias de montanhas se perdiam no horizonte, junto a lagos muito verdes. Coisa surreal.

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Ushuaia é uma cidade cativante. Em toda sua volta vemos picos com neve, mesmo estando no verão. Assusta pensar que estamos tão perto da Antártica. O vento gelado se justifica, então. É emocionante estar aqui.

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" O que importa é a ousadia dos seus planos.'

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Opinião PV


Abastecemos a moto e galão extra em Cerro Sombrero, Chile, e partimos em direção a nossa última jornada em direção ao sul - restavam ainda 420 km de estrada. Destes, 120km de rípio e mais 300km de asfalto. Este trecho de rípio foi o mais fácil até agora tendo poucas pedras soltas. O vento dificulta e nos obriga a ficar sempre alerta. Ao longo deste dia tivemos uma grande variação de temperatura: começamos com 18ºC pela manhã; 23ºC a tarde e próximo à Ushuaia despencou para 8ºC. Nossa ansiedade para completar esta etapa era tão grande que não paramos para colocar mais roupa. A foto acima na entrada da cidade foi tirada com muita tremedeira e uma satisfação maior ainda.
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Vencemos mais uma etapa. Foi a 6ª de um pequeno programa que contém 8 no total. Escolhemos uma rota difícil - mas linda - e sabíamos que o risco de não conseguir chegar em Ushuaia era muito grande. Não ficaria decepcionado caso isso não acontecesse. Apenas voltaria mais preparado na primeira oportunidade que surgisse. Eu "precisava" sentir novamente aquela falta de ar típica do alto da Cordilheira aliado ao frio, o isolamento na mata da Carretera Austral e a imensidão desértica da mítica RA 40. E tudo isso no rípio. Tinha que ser no rípio. Nem terminou esta viagem e já sinto saudades dos vilarejos com casas e pessoas simples que vi. Gente batalhadora e de sorriso contagiante. Nunca vou me esquecer disso.

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Tenho alguns números acumulados até aqui:

1.128 km rípio + 8236 km asfalto = 9.364 km total

482,42 litros de gasolina

19,4 km/litro de média geral

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Abraços e obrigado pela sua companhia!