Puerto Ingeniero Ibañez, Chile, 28 de dezembro 2011














Faço uma pequena revisão na moto diariamente antes de iniciar mais um dia na estrada. Percebi os discos de freio pouco arranhados e não deu outra: as pastilhas já gastaram além do limite. O freio traseiro está menos pior, ainda consigo usá-lo por alguns dias mas também está comprometido.




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Na bagagem tenho peças de reserva mas não disponho de pastilhas de freio. Procurei a Honda de Coyhaique e não esperava muita coisa. Eles não tinham a pastilha, como eu suspeitava. A Hornet, minha moto, não existe no Chile e tentei encontrar a pastilha da CBR 600 que caberia e resolveria o problema. Nada feito.




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Aproveitei que estava na Honda e fui trocar o óleo do motor. Falei com o balconista se havia o óleo 20w/50 e ele respondeu que sim. Como não confio em meu espanhol, escrevi 20w/50 num papel e ele confirmou que tinha. Depois de retirado o óleo da moto e despejado num grande galão de óleos velhos e usados - parece piada mas não é - o dono da Honda se apresentou me pediu desculpas; disse que o 20w/50 tinha acabado! Dei risada pois pensei que estivesse brincando comigo. Ele continuava sério. Pronto, eis que surge um novo problema. Além das pastilhas, agora minha moto não tinha o óleo para o motor! Eu poderia bater o pé e fazê-lo se virar para encontrar na cidade um óleo 20w/50 para remediar a situação e resolver um problema que eles criaram. Mas não é assim que resolvo minhas coisas.




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Lembrei de um professor na faculdade que dizia o seguinte enquanto muitos de nós não conseguiam resolver determinadas equações: "Problema que não tem solução, solucionado está". O jeito foi colocar único óleo disponível, um Castrol 15w/50.




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Já em relação aos freios não tem jeito: Manuela, minha mulher, vai trazer na bagagem um jogo de pastilhas novas! Essa é a segunda parte do plano de viagem e talvez muitos aqui não conhecessem. Encontraria minha esposa em Ushuaia e iríamos, de moto claro, até Buenos Aires. Com este problema dos freios, apenas anteciparemos a vinda da Manuela talvez para El Calafate ou El Chaiten.




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Saí hoje de Coyhaique e parei em Puerto Ingeniero Ibañez, cerca de 115km mais ao sul. Cercado de montanhas, Pto Ibañez fica de frente para um lindo lago, o General Carrera. Fica bem próximo ao vulcão Hudson, que em 1991 cobriu Pto Ibañez de cinzas e tem apenas 2.000 habitantes. Não existem bancos aqui muito menos postos de gasolina. Combustível somente de forma informal em algumas casas.

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Em Pto Ibañez conheci um brasileiro dono do único bar com internet HiFi por aqui. Seu nome é René, de São Paulo. Arrumou uma ótima hospedaje, muita limpa e organizada, e ainda permitiu que usasse sua net. Quando a gente precisa, sempre aparece um sujeito assim na vida da gente. E brasileiro!! Tinha que ser. Valeu René, obrigado por tudo.


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Claro que o desgaste das pastilhas foi um grande erro meu. Estas são ainda as originais - a moto está com 59.000km - e achei que fosse durar toda a viagem pelo estado que estavam. Se fosse viajar por uma rota tradicional 100% asfalto, não teria este problema. Os caminhos escolhidos exigiram demais dos freios. Mais que eu pude prever. Foi um erro de avaliação e a culpa é inteiramente minha. Faz parte. Apenas preciso de uma reeducação na condução da moto. Atenção redobrada para não estragar os discos e complicar de vez a situação. Não é o pior dos mundos mas a situação exige cautela.




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Estou tranquilo e vamo que vamo.



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Abs






2 comentários:

  1. Grande Vitor vá em frente. Seus problemas com os freios serão minimizados se voce puder usar o freio motor para ajudar a redução de velocidade. Tive esses problemas quando andei por aí. Boa sorte.
    Sanderval

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  2. Guauuu, un viaje increible! Hermosas fotos! y Cuanto coraje!! Felicitaciones y muchas gracias por haber elegido The House!
    Soledad
    Ushuaia, Tierra del Fuego.

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